24/01/11
Um ano
Não tinha dormido bem, como que a antecipar o telefonema que ia receber naquela manhã, tinha dito até no dia anterior que o telefone ia tocar, com toda a certeza, dentro em breve com aquela notícia...
Não tinha quaisquer ilusões quanto ao que se passava, sabia, talvez até bem demais, o que ia acontecer. Sabia que a morte dele era somente o encerrar de um livro que tinha vindo a perder as suas páginas à já muito tempo, mas não foi de ânimo leve que ouvi o compasso lento dos passos dela a aproximarem-se, parecia que tinha medo de chegar depressa demais ao meu quarto.
Quando me entregou o telefone do outro lado não se ouvia nada, soube imediatamente que tinha acabado e só consegui dizer.. "Já sei..."
À um ano tive que fazer uma das coisas mais difíceis de sempre, tive que me despedir do meu avô.
Mas agora já se passou um ano e daquele dia ficaram, apesar de tudo, as "boas" memórias, as pessoas que se vieram despedir e o carinho delas.
Se doi? Claro que doí, mas sei que pelo menos assim ele não está a sofrer e no fundo, no fundo pelo menos ainda tenho as minhas memórias dos queques da linha e dos almoços na Praia das Maçãs.
Mas continuo chateada com o mundo, talvez mais agora que à um ano! Estou possessa porque ele nunca me vai ver vestida de noiva, nunca vai pegar os meus filhos ao colo e eles nunca o irão conhecer!
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1 comentário:
Infelizmente é mesmo injusto tudo isto...força!
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