Das pequenas GRANDES coisas

Porque há coisas que mesmo tendo sido deles só poderiam ser minhas, porque ele vive em mim todos os dias.
Porque ainda hoje me refiro ao carro como sendo dele, mesmo que agora ele seja meu, nunca será de mais ninguém se não dele.
Porque quando o comprou deixou claro que aquele era só dele, que não iria ser emprestado a ninguém, era dele, e agora é meu, porque não podia ser de mais ninguém, porque só a mim é que ele o emprestava, só eu tinha a confiança dele para pôr as mãos no carro.
Agora tenho também uns óculos novos, os óculos DELE que há 60 anos o acompanharam nas longas noites do Palácio da Loucura e das intermináveis noites de estudo. Que estiveram com ele no dia do último exame e no rasganço. E posso dizer sem ponta de soberba que fico linda com eles, como se tivessem sido comprados para mim, porque na história do mundo assim tinha que ser, ele tinha que ser meu avô e eu neta dele.
No que eu sou, há tanto, tanto dele...