07/05/13

O Discurso


No fim-de-semana em que se ele fosse vivo festejaria mais um aniversário, vamos todos até à quinta que o viu nascer depositar as cinzas, plantar em sua homenagem um pinheiro que espero que floresça e veja o sol nascer incontáveis vezes.
É por isso que me encontro neste momento a escrever um discurso, talvez seja pedante apelida-lo disso, mas que seja, estou a escrever um discurso, uma despedida, quero relembra-lo ali, um local onde não voltarei com a assiduidade devida mas onde a memória dele permanecerá, nos ramos daquele pinheiro pequenino que com o tempo se fará grande. No sentido inverso das minhas saudades, que agora são tantas mas que o tempo se encarregará de atenuar.
Mas as palavras não saem, logo a mim que desde que me lembro escrevi diários, que tenho um blog, que alguém, doido na certa, um dia disse escrever bem.
Não consigo escrever uma homenagem de jeito para alguém que é tão importante para mim, que me deixava   jantar, única e exclusivamente, doses de batatas fritas e me ensinou o valor da palavra amor.
Não sou capaz porque nada parece fazer-lhe justiça, porque aquilo que há a dizer é tão nosso que temo desvirtua-lo ao relata-lo ao resto da família.
Portanto vou tentando, escrevendo e apagando linhas, na esperança de até dia 25 conseguir ter mais do que:
"Vou falar-vos do meu avô"


1 comentário:

ana disse...

Talvez tenhas a fórmula mágica se disseres: vamos sentir o meu Avô. Porque isso sabes fazê-lo de olhos fechados e coração aberto.

Tu consegues, claro que consegues.