Eu e o Rodrigo (O salvador)

Eu já devia ter aprendido a ser mais tolerante com as pessoas, é que por mais que por vezes elas me aborreçam, acabam, por vezes, por me surpreender pela positiva.
Andei a irritar-me sistematicamente com a presença do Rodrigo na passadeira ao lado da minha e com o facto de ele perturbar constantemente o meu processo de suicídio através do fitness, mas hoje se não fosse ele,  tinha-me magoado seriamente. Portanto vou passar a ser mais simpática e tolerante com ele.
Normalmente a minha tensão ronda valores que vão desde o badagaio, ao passar mal, o que significa que mais vezes do que eu gostaria dá-me realmente o badagaio em público, foi o caso de hoje que durante a conversa/monólogo do Rodrigo comecei a ficar da cor das paredes do ginásio, branca como a cal, mas claro que não tive o discernimento de carregar no botão de stop da passadeira, ele fez isso por mim, ao mesmo tempo que parava também a dele e vinha tomar conta de mim.
Este momento fantástico teve o seu culminar comigo deitada com as pernas em cima de uma bola de pilates e o rapaz a ir buscar-me uma água com açúcar.
Pobre Rodrigo, sou sempre tão intolerante com ele e depois ele faz-me uma destas, a partir de hoje prometo que vou ser mais dócil e vou deixar de pensar em envenena-lo com laxante. Quanto mais não seja porque ele impediu que eu me magoasse...