Estes são Martin Heidegger e Hannah Arendt, as figuras centrais da peça que eu fui ver no sábado.
Não posso dizer somente que gostei da peça, isso seria pouco, gostei da forma como retrataram a ligação dos dois, como se demonstrou o génio de Hannah Arendt e a luta interior de Heidegger.
Gostei das interpretações, à excepção da Ana Padrão, que para minha grande pena não conseguiu ser suficientemente expressiva na luta interior de Arendt que opunha o seu judaismo à admiração e amor por Heidegger.
A peça não é uma uma encenação light do amor dos seus protagonistas e ao mesmo tempo não cai no dramatismo duma condenação total do Nazismo e do extermínio, é muito mais que isso.
Ao longo das 2h que a encenação dura somos confrontados com o florescer do génio de Arendt com a preciosa ajuda de Heidegger e Jaspers, compreendemos a sua luta quando toma consciência que a posição de Heidegger junto a Hitler, os afasta até deixarem de ser apenas, se é que se pode usar a expressão apenas, aluna e mestre, amantes, apaixonados.
Está constantemente subjacente à peça o julgamento de Nuremberga, a culpa e a inocência dos seus réus, no final fica-nos a dúvida, será que Heidegger merece ser reintegrado na universidade? Devem as gerações vindouras aprender com ele? Ou devemos deixar que as suas ideias se percam no fio do tempo porque pactou com Hitler?
Hannah Arendt tenta que ele seja perdoado, mas não nos dá a resposta, deixa que os espectadores se debatam com a questão eles mesmos.
Merece ser desculpado, ou não?
Ele que era um pensador, um educador, que à semelhança de milhares de alemães se deixou "enamorar" por Hitler merece ver o seu espírito criador silenciado?
Adoro ir ao teatro, principalmente quando vejo peças como esta!
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